O JORNALISMO RELIGIOSO COMO DISPOSITIVO DE PODER E A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DA MULHER NA FOLHA UNIVERSAL
Nome: RAQUEL SILVA ROCHA
Data de publicação: 29/10/2025
Banca:
| Nome |
Papel |
|---|---|
| ELEN CRISTINA GERALDES | Examinador Externo |
| FLAVIA MAYER DOS SANTOS SOUZA | Examinador Interno |
| RUTH DE CASSIA DOS REIS | Presidente |
Resumo: A expansão da presença dos evangélicos nos debates político-sociais do Brasil e o papel central da mídia religiosa na produção de subjetividades e práticas cotidianas conduzem a uma problemática contemporânea: como o jornalismo religioso, enquanto dispositivo de poder, constitui a mulher neopentecostal por meio do discurso na Folha Universal? Inserida no campo da Comunicação e Territorialidades, esta dissertação busca compreender como as performatividades da mulher neopentecostal são constituídas no discurso do jornalismo produzido pela Folha Universal. Para alcançar esse objetivo, propõe-se delimitar as
especificidades do jornalismo religioso em meio às transformações históricas na relação entre mídia e neopentecostalismo, identificar os elementos que compõem a figura da mulher neopentecostal nas matérias analisadas e examinar as articulações entre o discurso religioso e o discurso jornalístico na produção de sentidos sobre gênero e poder. A partir da Análise do
Discurso foucaultiana, articulada aos estudos sobre comunicação, religião e gênero, a pesquisa analisa as performatividades da mulher neopentecostal como modos reiterados de enunciação e comportamento. O percurso analítico permite compreender que o jornalismo produzido pela Folha Universal organiza condutas, fabrica modos de ser e constitui performatividades femininas por meio do discurso. Ao observar as estratégias de enunciação do jornal, evidenciam-se os mecanismos pelos quais a mulher é interpelada a governar-se a partir de uma racionalidade que, sob o signo do sagrado, reatualiza formas de poder e subjetivação características da modernidade. O discurso da Folha Universal constrói a mulher como um projeto de si, convocada à autogestão e à disciplina em todas as esferas da vida – emocional, conjugal e profissional. Os relacionamentos conjugais aparecem como eixo estruturante, posicionando a mulher como gestora da salvação familiar. Assim, compreende-se que a Folha Universal, veículo da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), atua como um dispositivo que define modos de conduta e estabelece regimes de verdade sobre o ser mulher neopentecostal.
