Ativismos nas territorialidades digitais: Mapas e vídeos no debate sobre conflitos socioambientais e crise climática

Resumo: O século XXI inicia sua segunda década com novos desafios para os estudos do campo da Comunicação, considerando especialmente a continuidade das transformações tecnológicas e seus (novos) impactos em nosso cotidiano, resultando em mudanças importantes no que se refere às dinâmicas econômicas, sociais, políticas e culturais. Em paralelo, outros fenômenos surgem com mais evidência, resultando pautas urgentes, como a questão climática e a ascensão das novas direitas mundo afora.
Com a incorporação (e massificação) da cultura digital e das redes sociotécnicas, outros problemas emergem a partir da apropriação das tecnologias disponíveis, tais como a proliferação de notícias falsas e o colapso da legitimidade das tradicionais empresas de mídia, os limites éticos da inteligência artificial e dos sistemas de vigilância e controle, o uso indevido de algoritmos ou a expansão de mundos virtuais e imersivos, e o fenômeno da “uberização” e da precarização dos chamados infoproletários, a plataformização do consumo e das sociabilidades, o “totalitarismo” das big techs, só para citar alguns exemplos.
No que se refere aos ambientes virtuais imersivos, surge o Metaverso, que de certo modo busca “povoar” e popularizar esses novos territórios (por vezes “gamificados”), enquanto o ChatGPT e outros programas de inteligência artificial desafiam os limites da produção e apropriação do conhecimento e da ética nas relações pessoais e empresariais. Tais dispositivos despontam já acompanhados de discursos próprios (em nome de suas corporações) que já contribuem para imprimir (e impor) certas práticas sociais e culturais dentro e fora dos territórios digitais.
Muitas dessas questões também podem ser consideradas sintomas das diversas tentativas de apropriação ou controle das dinâmicas comunicacionais, seja por parte do Estado, das corporações ou mesmo dos indivíduos. Nesse contexto, para nós pesquisadores – em especial dos chamados países do Sul Global – somam-se outros elementos, como as engessadas estruturas de poder herdadas do colonialismo e do imperialismo e as desigualdades presentes em nossas sociedades, complexificando ainda mais as relações entre comunicação, poder e território.
A partir dessa compreensão das práticas coloniais de dominação e controle (e, portanto, de delimitações de territórios físicos e simbólicos), algumas questões de pesquisa emergem: Como refletir acerca dos tipos de matrizes coloniais – ou modos de colonização – que configuram as territorialidades digitais contemporâneas? Que agentes (indivíduos, instituições, movimentos sociais, etc.) participam dessa ecologia digital marcada por conflitos de distintas naturezas? Como esses conflitos emergem e configuram-se na esfera pública informacional, num mundo de excessos (de informação, de consumo, de bens materiais) e, contraditoriamente, ameaçado pela escassez dos recursos naturais? Que discursos sobre conflitos socioambientais e a crise climática ganham repercussão nas mídias sociais que privilegiam a linguagem audiovisual, como o YouTube, o TikTok e mesmo o Instagram? Como esses vídeos se caracterizam e que atores sociais assumem esses discursos? E, considerando uma reflexão posterior, poderíamos considerar estarmos vivenciando uma territorialidade pós-digital, caracterizada por processos de “desemanharamento” que surgem devido à urgência de questões locais e das territorialidades humanas, como defendem Adams e Jansson (2023)?
Nesse sentido, a pesquisa tem como principal objetivo compreender a configuração de territorialidades digitais a partir do surgimento de novos territórios simbólicos, considerando os ciberativismos frente às tensões e conflitos socioambientais e a crise climática do tempo presente. Para aprofundarmos essas questões, a proposta é, inicialmente, estabelecer diálogos entre autores que refletem hoje sobre tecnologia, cultura digital e ciberativismo ambiental, em interface com as reflexões sobre territórios e territorialidades, com foco na análise de conteúdos audiovisuais nas mídias sociais.

Data de início: 01/03/2024
Prazo (meses): 12

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador DANIELA ZANETTI
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