Duas décadas de resistência: O jornalismo autoenunciado independente do digital Século Diário contra silenciamentos no Espírito Santo

Nome: PRISCILA BUEKER SARMENTO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 29/10/2020
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
VICTOR ISRAEL GENTILLI Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CICILIA MARIA KROHLING PERUZZO Examinador Externo
RUTH DE CÁSSIA DOS REIS Examinador Interno
VICTOR ISRAEL GENTILLI Orientador

Resumo: Com redação instalada em Vitória, capital do Estado do Espírito Santo, com pautas jornalísticas e concorrência estritamente regionais, ou seja, com marcada vinculação territorial físico-geográfica, mas com circulação, consumo e recirculação no território simbólico da comunicação da sociedade em rede, o jornal digital capixaba Século Diário autointitulado “independente com foco na visão interpretativa dos fatos” é tema deste estudo. Inicialmente, a partir da discussão epistemológica sobre as vertentes do alternativo/popular/ independente, este trabalho objetiva, sob o olhar crítico-dialético, fornecer pistas sobre o lugar de construção de sentido que, neste primeiro trabalho cientifico rompendo com a cultura do silêncio na academia, é verificado por breve análise dos aspectos estruturais em conjunto com a produção noticiosa do jornal dando o tom da “independência” ao Século Diário no cenário de disputas sociodiscursivo regional. Fundado em março de 2000, originado da descontinuada Revista SÉCULO, veículo impresso com características predominantes de mídia tradicional, ambos- Revista Século e Século Diário-
foram idealizados pelo primeiro fotojornalista do ES, Rogério Medeiros, cuja atuação com visão progressista em diferentes espaços de intervenção política como na fundação do Sindjornalistas-ES, do PT-ES e como mentor da Lei Rubem Braga de incentivo à cultura em Vitória confunde-se com a própria identidade do independente Século Diário. As pautas sobre Meio Ambiente (editoria analisada), “carro-chefe” de ambos veículos que simboliza a
luta pelo respeito à vida e a mãe-terra convergem na trajetória do próprio fundador junto aos movimentos sociais populares. Editorialmente, como alternativa ao silenciamento do jornalismo declaratório da mídia dominante tradicional regional, Século Diário se apresenta como jornalismo crítico interpretativo, humanista, que visibiliza e problematiza a realidade
das margens calcado em bandeiras de lutas numa representação positiva quanto as minorias étnicas e povos tradicionais, conforme traça o frankfurtiano WALTER BENJAMIN(1985), recontando a História a partir da narrativa do lado dos vencidos e na defesa dos Direitos Humanos. Símbolo de resistência, Século Diário sobrevive no enfrentamento à violência jurídica pela quantidade de processos judiciais, tentativas de silenciamento (censura) por
parte do aparato do Estado contra o Jornal, que desembocando na violência financeira (asfixia com fuga de anunciantes) inevitavelmente afetou sua sustentabilidade e resultou na saída do ‘núcleo duro’ da redação em 2017 e em mudanças no modelo do negócio jornalístico.

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