E-book Minorias midiatizadas: gêneros, etnias e territórios
E-book Minorias midiatizadas: gêneros, etnias e territórios (Editora da UFPel) reúne artigos que buscam compreender modos de presença e de ausência das minorias nas mídias
Já está disponível o e-book Minorias midiatizadas: gêneros, etnias e territórios, organizado por Daniela Zanetti, Ruth Reis e Marialina Antolini. Zanetti e Reis são docentes do Póscom e Antolini é egressa do programa. O livro reúne artigos de docentes do Póscom e do Departamento de Comunicação Social da UFES, docentes de outros departamentos/cursos da UFES e de outras universidades brasileiras, além de egressos do nosso mestrado.
A publicação pode ser acessada gratuitamente no acervo de obras digitais da editora da Universidade Federal de Pelotas:
Apresentação do e-book:
O período em que este livro foi finalizado, entre março e junho de 2020, coincide com a chegada ao Brasil do novo coronavírus e avanço da pandemia de Covid-191 . Nesse ínterim, nosso cotidiano e nossas rotinas foram radicalmente afetados. Impedidos de circular e nos socializar como antes, devido às medidas de isolamento social para prevenir o alastra[1]mento do vírus, tivemos que lidar com situações inusitadas, nunca antes vivenciadas pela maioria de nós. Nossas formas de comunicação e de sociabilidade, já estruturadas nas e pelas redes digitais, tornaram-se ainda mais mediadas por elas e, portanto, mais dependentes de aparatos tecnológicos.
O grave problema sanitário ressaltou sobremaneira as desigualdades sociais que marcam a nossa sociedade, explicitando ainda mais as contradições do capitalismo e deixando entrever o modo como opera a divisão social do trabalho, as relações de classe e as múltiplas desigualdades que nos afetam. Parcelas pobres e marginalizadas da população, para as quais o espaço midiático costuma ser restrito, se ressentem ainda mais dos feitos da pandemia. Parte delas está no foco das reflexões e análises reunidas nesta publicação.
Pesquisas sobre as representações midiáticas e os discursos acerca de minorias, sujeitos periféricos ou marginalizados ou, ainda, grupos identitários específicos, nas mais diversas mídias e expressões culturais, têm sido frequentes no campo da comunicação. A questão das diferenças simbólicas como fontes dos processos de subjetivação, problematizada desde meados do século XX, a partir das críticas ao determinismo econômico como vetor predominante de identificação, passam a se materializar especialmente nas lutas feministas e dos negros, e também nos movimentos populares e culturais urbanos.
A perspectiva de um sujeito minoritário, ligado por laços identitários específicos, situado marginalmente aos movimentos hegemônicos e aos jogos de poder, se torna ainda mais incorporada às lutas cotidianas com o avançar do século e a mudança da matriz comunicacional, que cria novos meios de expressão, articulação e identificação. Categorias e conceitos como “minorias”, “inclusão social”, “periferias”, “autorrepresentação”, “gênero”, “lugar de fala”, entre outros, se tornam operadores de lutas por direitos individuais e coletivos. Entre as inúmeras formas de cristalização das críticas sobre o modo como a trama do poder se engendra e constitui territórios e sujeitos subjugados encontram-se as reflexões e questionamentos acerca da representatividade na esfera pública. Os modos de produção da visibilidade midiática – e, portanto, também de invisibilidade – se constituem como problemas concretos na luta pelo reconhecimento social.
A produção desses regimes de visibilidade por parte, primeiro, da mídia de massa e, atualmente, das mídias digitais são índices importantes do poder que institui a presença e a existência nos contextos sociais. Ao se acentuar a midiatização da sociedade com o surgimento de um dispositivo comunicacional mais complexo, articulado em rede distribuída, acessível a muitos, os processos de subjetivação também são afetados, seja fortalecendo vínculos identitários, seja criando novos pontos de conflito e disputa. Compreender como as minorias são midiatizadas nas diversas camadas que compõem o dispositivo comunicacional contemporâneo, como elas se apropriam, são apropriadas e instituídas nos espaços discursivos que se instalam nesses ambientes, é o propósito principal deste livro. Para tal, reunimos diferentes olhares e contribuições que buscam vislumbrar esse horizonte.
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