No Entanto: uma experiência na redação
Com novos comando, formato e edições, o jornal-laboratório do 3° período de Jornalismo está de volta. A ideia de transformar a turma inteira num grande jornal, atribuindo funções a cada aluno e treinando suas habilidades estimula o desenvolvimento de todos.
A disciplina de jornal-laboratório ou experimental existe desde a criação do curso em 1976. O jornal, que tinha outro nome: Primeira Mão, virou revista depois da reforma curricular de 2004. O veículo é o primeiro contato dos futuros jornalistas com a realidade de uma redação.
Depois de divididos em grupos, os alunos escolhem suas funções: edição, diagramação, fotografia e reportagem. Segundo Rafael Bellan, professor responsável pela turma, os grupos serão rotacionais para que os alunos possam ter a oportunidade de estar em todas as editorias. "O olhar sobre o produto é o aprendizado mais importante que eu vejo como norte na disciplina", ressalta.
Para os alunos, o laboratório é a primeira janela para embarcar no jornalismo. A aluna Alice Soares destaca o valor dessa matéria: "Com o laboratório a gente adquire experiências típicas de redação, tem que lidar com deadline, espaço para diagramação, criação de pautas, produção de fotos e toda essa vivência faz com que possamos conhecer mais da profissão que pretendemos seguir".
O jornal tem uma página no Facebook e suas publicações são realizadas na plataforma Issu. Nesse período, os cadernos também terão alterações de acordo com a demanda que os alunos, em sala de aula, discutirem. O interesse é que o material não seja um conteúdo bairrista e que possa atender tanto a comunidade universitária, quanto a sociedade que puder acessar. A edição 73 traz 6 editorias sobre Política-econômica, cidades, sociedade, comportamento e cultura, além do editorial. Para as próximas edições, estão previstas uma editoria de esporte e abertura para novas seções.
A edição
A cada edição um novo conselho editorial é formado com a responsabilidade de receber as pautas, editar as matérias e definir prazos para entrega, a importância disso está na execução jornalística; acompanhar o processo do planejamento, da produção e da pós-produção.
A primeira edição é a mais importante, segundo os entrevistados. Nela, a redação tem que decidir qual vai ser o formato e qual o público do jornal e fica a cargo da edição fiscalizar e cuidar para que o jornal seja fiel ao que foi decidido. Alice, que participou do primeiro conselho editorial, revelou como foi esse processo. "Resolvemos focar não apenas na universidade como também em assuntos externos que se relacionem com os interesses dos estudantes. Nosso objetivo era que o jornal fosse uma ponte entre a comunidade acadêmica e a sociedade. Tentamos deixar o jornal com a nossa cara, abordando assuntos que, antes de tudo, são de nosso interesse, não apenas como estudantes, mas também, como cidadãos" explica.
Alice aborda ainda as dificuldades da edição e da disciplina como um todo e como fizeram para enfrentá-las. "A necessidade de cortar o texto para que coubesse na diagramação, ideias para pautas e outros, mas creio que o maior desafio foi o cancelamento de uma entrevista com uma fonte oficial (marcada com mais de uma semana de antecedência) duas horas antes do horário em que deveria ter acontecido".
A diagramação
A diagramação é um dos momentos cruciais da construção de jornal pelo fato de ter o desafio de fazer a informação ser visualmente atraente ao público-leitor. Além de fazer parte da criação da capa do jornal, que vai ser onde o espectador terá a primeira impressão do veículo.
O processo de realização da primeira edição da turma buscou fazer uma análise dos trabalhos anteriores e trazer para essa versão algo inovador, porém que não fugisse à proposta da turma, como explica Matheus Galvão, um dos diagramadores. "A primeira coisa que fizemos foi analisar todas as capas anteriores do No Entanto. Notamos que a maioria delas tinham mais aparência de revista do que de jornal impresso de fato (vendo pelo senso comum). Fizemos um modelo base para a primeira edição, criamos o logo e estruturamos o restante da página sempre dando um toque minimalista e objetivo".
Sobre a manutenção desse modelo, Matheus afirma que o grupo está elaborando um projeto mais moderno que será inserido a partir da próxima publicação, que será fixo e trará o contraste de cores escuras e básicas. O aluno defende a ideia de que a capa “é a porta de entrada para o jornal, olhando para ela, seja virtualmente ou na vida real, você decide se vai comprá-lo ou não, se vai lê-lo ou não". Ele ainda enaltece a necessidade de criatividade e da chamada para o conteúdo "nela se reúne todas as informações necessárias para que o leitor se interesse pelo conteúdo apresentado, tanto por imagens quanto pela escrita e pelo design da capa".
A fotografia
O jornal apresenta consigo, além das matérias corridas, algumas fotografias, o que aumenta a sua carga informacional. Sthefany Cavaca ficou responsável por fotografar para a matéria sobre as "Festas da Rua da Lama". Quando perguntada sobre o que quis passar em suas fotos ela revelou que "quis mostrar como a Rua da Lama estava com essas festas, cheia de pessoas e, também, como estava a atuação da polícia no local".
Sthefany ainda explica a tentativa de não reproduzir a versão que a maioria das mídias passam hoje. "Eu não fiquei focando no pós não, do tipo, a sujeira que a festa deixa, ou depredação, a ideia era mostrar uma outra versão do que está saindo nos grandes jornais sobre os chamados "rolêzinhos".
A aluna ainda ressalta a importância da foto para o jornal e como ela pode influenciar na reportagem. "Materializa em imagem o que está tentando dizer em texto escrito". Ela ressalta ainda o poder da imagem: "tem umas fotos que dizem mais do que a própria matéria, mas tem umas que destroem também", completa.
A reportagem
A reportagem é a parte mais básica dos jornais. Através das palavras e da interpretação dos fatos o público-leitor conhece ou passa a buscar informações sobre o que se discute. No caso do No Entanto a pauta vem de uma discussão, uma vez que os alunos são divididos em grupos.
O professor-orientador Rafael Bellan revela que para ele essa é umas das maiores dificuldades já que cada um tem sua individualidade e sua visão de mundo.
Artur Meireles, um dos repórteres dessa edição, conta que o lado bom de fazer a reportagem em grupo foi a apuração e articulação na busca dos fatos. Contudo, ele prova a teoria do professor na hora de redigir o texto: "houve algumas divergências, pois como pessoas, temos ideias, pensamentos e temperamentos diferentes". Mas o aluno explica que o consenso se estabeleceu, "mas com algumas discussões e depois com diálogo deu tudo certo".
----------
A disciplina traz consigo a junção de matérias anteriores como Fotojornalismo, Teorias e Práticas de Jornalismo para Meios Impressos e Produção Gráfica, o que promove um diálogo e um exercício dos alunos no que aprendem cotidianamente.
A previsão é que sejam publicadas 4 edições do novo "No Entanto", por enquanto todas online, devido ao corte dos investimentos dentro da Universidade. A edição 73 está disponível nas páginas do jornal no issuu e Facebook.
Serviço