TEMPORADA DE FOGO NO YOUTUBE: UMA ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS DISCURSOS DE DESINFORMAÇÃO SOBRE AS QUEIMADAS NA AMAZÔNIA (2019 A 2021)
Nome: THAMARA MACHADO PINTO
Data de publicação: 25/04/2023
Banca:
Nome | Papel |
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DANIELA ZANETTI | Presidente |
RUTH DE CASSIA DOS REIS | Examinador Interno |
RAFAEL CARDOSO SAMPAIO | Examinador Externo |
Resumo: Assim como a floresta amazônica detém seus períodos de instabilidade durante as sucessivas
“Temporadas de fogo”, o YouTube, a seu modo também passa por intensas “ondas de calor” e
chamas no âmbito das disputas discursivas. Dessa forma, tal qual o fogo, a desinformação na
plataforma de vídeos se alastra em uma velocidade incalculável, basta um simples ponto de
ignição atiçado por um indivíduo qualquer e o YouTube é totalmente incendiado por de
informações falsas. Pensando nesta conjuntura, esta pesquisa investiga como são formados os
conteúdos de desinformação sobre as queimadas na Amazônia durante os anos de 2019, 2020
e 2021. Para tanto empregamos uma metodologia composta pela união da Análise de Conteúdo
(BAUER, 2008) e a Análise de Imagens em Movimento (ROSE, 2008). Após uma extração e
raspagem de dados feita através do software YouTube Data Tools chegamos a um resultado de
342 vídeos de desinformação sobre as queimadas na Amazônia. A partir deste material
analisamos aspectos concernentes ao discurso e a linguagem audiovisual adotadas nos vídeos
que nos mostraram as principais estratégias utilizadas pelos criadores de conteúdo da
plataforma, os youtubers, afim de darem engajamento as suas produções. Os resultados obtidos
nesta análise evidenciaram que as teias argumentativas mais acionadas para desinformar sobre
as queimadas na Amazônia giram em torno da descredibilização do jornalismo e ciência, assim
como o reforço a narrativas conspiratórios de cunho militar envolvendo ameaças de invasões
ao território amazônico e fragilização da soberania nacional. No que tange ao formato dos
vídeos, a maior parcela de nossa amostra é do gênero audiovisual “vlog” seguido por “noticia”
o que demonstra ao mesmo tempo uma tentativa de aproximação com o público por meio de
alusão a aspectos como autoridade e credibilidade que a linguagem jornalística evoca. Por fim,
o YouTube, torna-se um território fértil para a propagação de desinformação ambiental a partir
de seus próprios modos de infraestrutura e regimes de visibilidade que favoreceram a
emergência de discursos que, contraditoriamente, atacaram autoridades epistêmicas
consolidadas, como o campo científico e jornalístico, e utilizaram recursos linguísticos e
audiovisuais provenientes dessas esferas afim de emular uma narrativa que correspondesse a
verdade factual (ARENDT, 2004) acerca das queimadas na Amazônia durante o período de
tempo estabelecido como recorte para este estudo (2019 a 2021).