Documentário sobre maternidade na Penitenciária Feminina de Cariacica estreia no SESC Glória
Qual a realidade das detentas gestantes ou que tenham filhos nas prisões brasileiras? O sistema prisional brasileiro permite que as mães fiquem com seus filhos até os primeiros seis meses de vida da criança, mas qual essa condição? Pensando nisso, a professora do curso de Comunicação Social da Ufes Gabriela Santos Alves, visitou e buscou essas histórias e realidades como forma de fomentar o debate e dar visibilidade a essas mulheres.
O filme C(elas) é um documentário gravado na Penitenciária Feminina de Cariacica (PFC) em 2016, que surgiu de pesquisas da professora Gabriela, ainda em 2014. Traz histórias de mais uma batalha que essas mulheres tem que passar para saírem da reclusão, a perda do contato com os filhos recém-nascidos e contrastada com a situação hostil que são condenadas. A equipe foi dirigida pela professora, com a participação de alunos e ex-alunos do curso de Cinema e Audiovisual da Ufes.
Números que assustam
No Brasil, as alas para gestantes ou mães de bebês de até seis meses foram criadas recentemente ou ainda estão sendo implantadas nos presídios. Outras produções audiovisuais nacionais como “Da luz à sombra” demonstram essas histórias de lutas e de falta de atendimento adequado que o sistema impõe. Um dado que alarma é o crescimento do número de mulheres encarceradas no país: de 2000 a 2014, as detenções receberam mais 37 mil mulheres, o que representa um crescimento de quase 600%, o que faz com que o Brasil seja o quinto país com a maior população de detentas do mundo.
Essa estatística reflete-se no número de mães ou gestantes, o que levou a documentarista a pesquisar e trabalhar sobre o tema.
Gabriela conta que teve apoio da Secretaria de Cultura do ES para a realização do filme, e destacou também a importância da formação da equipe, que foi pensada para ser majoritariamente feminina, como forma de representatividade e de buscar sensibilidade na abordagem do assunto. A artista teve ajuda também de produções que discutiam o tema “Várias pesquisadoras tem sido sensíveis ao tema e pesquisado esse preocupante cenário. Entre elas destaco as contribuições de Nana Queiroz, com o livro “Presos que menstruam”, e de Debora Diniz, autora de “Cadeia”, revela.
Das histórias contadas pela artista destacam-se a da separação da mãe com a criança. “Nós presenciamos o último dia de uma mãe junto a sua filha na ala materno infantil da Penitenciária Feminina de Cariacica, a criança chorava o dia todo, parecia sentir que seria retirada da mãe, foi um dia que saímos todas com uma dor e um questionamento que acho que nunca será resolvido até mesmo pela visão das próprias mães: não ter relação com o bebê para não se apegar, ou ficar com a criança, amamentar e aproveitar o contato o máximo que pode nesse tempo”.
Em tese, as crianças poderiam ficar com suas mães até os 7 anos de idade, porém com a falta de estrutura necessária para abrigá-las, como creche ou uma ala mais bem equipada, a justiça geralmente determina a convivência com as mães até o período de seis meses, o tempo em que a única alimentação para os mirins (brega) é a amamentação.
O curta tem 18 minutos e vem trazer histórias de pessoas separadas da sociedade para uma chamada ressocialização, mas que, como se vê é apenas uma exclusão da sociedade.
Serviço
C(elas) será lançado no sábado, dia 15 de julho de 2017, às 18h20, no SESC Glória, no Centro de Vitória, ES. Sessão na UFES: quarta-feira, dia 19 de julho de 2017, às 19h, no auditório do CCJE.
Ficha Técnica
Direção e Roteiro: Gabriela Santos Alves
Produção Executiva: Maria Grijó Simonetti
Direção de Fotografia: Ursula Dart
Som Direto: Alê Toledo
Assistente de Direção: Carol Covre
Produção: Gabriela Santos Alves, Maria Grijó Simonetti e Diego de Jesus
Direção de Finalização: Ursula Dart
Assistente de Finalização: Luana Cabral
Direção de Produção: Melina Galante Leal
Montagem: Carol Covre
Projeto Gráfico: Diana Klippel
Desenho de som: Marcus Neves
Coloração/Finalização: Willian Rubim
